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Até, minha mãe, até




Uma montanha de Nada

Era uma vez dois gémeos.
Quando nasceram, os seus pais deram a cada um uma montanha de moedas de ouro.
Um dia levaram-nos até às duas montanhas e disseram-lhes que aquelas montanhas eram a sua fortuna, e que competia a cada um gerir a sua o melhor que soubesse.
Um dos meninos desde logo pensou em muitas coisas onde iria usar a sua fortuna! O outro, pelo contrário, decidiu que a queria guardar para o futuro, e todos os dias, dia após dia, ele sentava-se no topo da montanha e ficava a contemplá-la.
De vez em quando via o irmão ir a correr buscar um punhado de moedas à sua montanha e desaparecer novamente. Ele não! Não as gastava consigo; não as dava a ninguém - apenas as guardava. Um dia iria aparecer o investimento certo. Um dia ele iria saber dar-lhes o melhor uso possível.
À medida que o tempo passava, parecia-lhe que a sua montanha ía ficando mais pequena, tal como a do seu irmão... mas pensou que era ele que estava a crescer; seria certamente uma questão de perspectiva.
Só quando o menino se transformou em adulto e o seu corpo parou de crescer, ele percebeu que a sua montanha estava de facto a mingar. Em menos de nada já ela estava a menos de meio, tal como a do seu irmão, que continuava a fazer saques regulares. Como podia ser? O que havia de errado com a sua fortuna? Como podia estar a diminuir se ele não a gastava, se não a usava em nada?!
Desconfiando que o estariam a roubar, o homem, agora ex-milionário mas ainda muito rico, já não abandonava a sua montanha nem para dormir, nem para comer - para nada! Isolou-se do mundo, não permitia que ninguém se aproximasse, tornou-se num homem cada vez mais amargo, convencido que todos queriam rapinar-lhe o que conseguissem. A sua vida era agora, apenas e só, dedicada a vigiar a sua montanha que, ainda assim, continuava a diminuir de dia para dia, até que desapareceu por completo diante dos seus olhos incrédulos.
E foi só quando, já homem maduro, ficou sentado no chão, fixado na última moeda do seu tesouro, e a viu entrar pela terra adentro, que ele pôde perceber que por baixo da sua montanha havia uma fenda, pequenina, quase imperceptível, por onde as moedas, muito lentamente, uma a uma, iam escoando, para um buraco sem fundo e sem retorno. A sua fortuna estava para sempre perdida.
Quando o seu irmão veio, em júbilo, buscar o último punhado de moedas que lhe restava, ficou muito surpreendido de o encontrar a chorar.
- Porque choras, meu irmão? Vejo que também conseguiste gastar a tua fortuna!
- Gastar??? - gritou indignado - Eu não gastei nem uma moeda!
- Então, o que lhe aconteceu?
- A terra engoliu-a. - E chorava - Tu que fizeste da tua?
- Ah, bom, eu estudei!
- Estudaste? E esbanjaste assim toda a tua fortuna?
- Bem... começou por aí. Estudei, li muito. Depois quis visitar os sítios sobre os quais tinha lido, e corri o mundo. Depois quis trazer o mundo a quem não o podia conhecer, e tornei-me professor. Ajudei a construir escolas e bibliotecas. Organizei eventos e viagens. Participei em mil aventuras. Fiz amigos. Celebrei com eles muitas coisas. Apaixonei-me por uma mulher fantástica, que me presenteou com dois filhos. Demos a cada um a sua montanha de moedas de ouro. E agora que consegui gastar toda a minha fortuna, com o meu o último punhado de moedas vou fazer uma grande festa com todas as pessoas que estiveram na minha vida por todos estes anos! Queres vir?
Não tinha grande vontade para festas, nem entendia ainda como se podia celebrar o facto de se ter gasto uma fortuna, mas na realidade já não tinha nada para vigiar, e acabou por acompanhar o irmão até à sua festa.
Só quando viu tudo o que o irmão tinha construído, todos os amigos, a família, tantas pessoas que lhe queriam bem, só então, aquele homem amargurado, pobre e vazio, percebeu que quem tinha desbaratado a fortuna afinal... era ele. Toda a sua fortuna estava perdida para sempre, sem que ele a tivesse utilizado em nada, sem que tivesse construído coisa alguma, sem que a tivesse partilhado com alguém, ou usufruído de forma alguma, além de ficar sentado no topo, impassível, a senti-la escoar-se lentamente.
É certo que provavelmente as suas moedas se esgotariam sem que conseguisse fazer tanto como o irmão, já que por baixo da sua montanha havia uma fenda. Ainda assim, pensou, era tanto o que poderia ter feito...


_____________________________


A minha mãe foi uma pessoa muito especial. Um caso atípico. "Um alien!" - brincávamos tantas vezes. 
Neste conto ela seria, de alguma forma, os dois irmãos. Quem a conheceu bem, sabe que não poderia ser de outra forma. Uma informática que escrevia poemas. Personificação perfeita da bipolaridade, toda a vida foi mulher de extremos, sempre jogou ao Tudo ou Nada.
A primeira parte da sua vida, passou-a a querer usar a sua fortuna com uma sofreguidão desmedida, como se não houvesse amanhã. Amava desmesuradamente. Lutou, escavou, construiu. Casa, família, uma carreira brilhante, um grupo de amigos, um bom punhado de valores que defendia de unhas e dentes, pelos quais lutava, destemida, contra tudo e todos. E foi tal a intensidade com que o fez, tal a voracidade, que um dia... as forças esgotaram-se-lhe, bem antes de conseguir esgotar a sua fortuna. Sentou-se então no alto das suas moedas de ouro (tantas que ainda havia por gastar!) à espera. À espera que o futuro lhe devolvesse a força, à espera de voltar a sentir vontade de sequer olhar para as suas moedas, à espera do momento de voltar a viver. E, por fim, apenas à espera que a última moeda encontrasse o caminho até à fenda e desaparecesse terra adentro.
Há muito que desistira de viver. Sobrevivia. Respirava. A custo.
Divido-me entre a dor da perda e o alívio de a saber melhor - em paz. Conforta-me saber que partiu como queria, sem ter de passar por momentos ainda mais dolorosos e menos dignificantes. Conforta-me saber que passou os últimos dias acompanhada pela família, rodeada de amor, que cumpriu o desejo de estar com os pais e as irmãs, que pôde ainda sorrir com os sobrinhos e sobrinhas-netas. Que no último instante, ainda foi a tempo de conseguir usar as suas últimas moedas de ouro.

E não posso, ou não quero, deixar passar este momento sem me lembrar e sem vos lembrar que o tempo é, de facto, o bem mais precioso que temos. Que o tempo que nos é doado à nascença é o nosso ouro. Que devemos investi-lo com o cuidado de quem investe toda a sua fortuna. Que o devemos valorizar e aproveitar como a dádiva que é, ao invés de o esbanjarmos tão displicentemente, iludidos de que o estamos a guardar, que nos estamos a guardar para algo melhor, que há-de vir, que estamos a guardar a vida para a vivermos mais tarde, quando nos for mais conveniente, quando aparecer o momento que valerá a pena viver,  sempre arrogantemente convencidos que o tempo nunca nos faltará. 
Quero lembrar-me, e lembrar-vos, que paremos de culpar os outros pela nossa falta ou desperdício de tempo: ninguém nos está a roubar a fortuna, somos nós que, levianamente, o relegamos para segundo plano, sem realizarmos que o verdadeiro tesouro não são os bens acumulados, mas os momentos vividos a conquistá-los e a usufrui-los.
Temos tempo... achamos sempre que teremos tempo... mais tarde. Adiamos, protelamos, procrastinamos. Amanha eu faço. Amanhã eu cuido(-me). Amanhã eu amo(-me). Amanhã eu vivo.

A minha mãe esgotou as suas moedas aos 65 anos, o meu pai aos 62. Há quem as veja desaparecer aos 40 - os que farei daqui a uns meses, se me for concedida mais essa graça. Há quem fique sem elas aos 20, aos 10, aos 2...
A minha mãe ía mudar de vida. A minha mãe ía cuidar-se. A minha mãe ía voltar a viver. Já a partir de Janeiro. "Meia-noite! Ano novo, vida nova. Agora é que é. A partir de amanhã..." 
A minha mãe não teve amanhã. Não teve ano novo. Não teve vida nova.  

Desejo fervorosa e humildemente acordar todos os dias com a pergunta "E se hoje fosse o último dia da minha vida?" e adormecer com a resposta "Teria sido um último dia feliz."  


Beijões, gordinha!






De rédeas na mão



"Que 2015 te traga..."

Não, não é nada disto que quero desejar-te. 
Há demasiado tempo que falo em responsabilização para agora te desejar que "o ano te traga" seja lá o que for.
O que te desejo é que TU te tragas um 2015 fantástico! 
Que pares de esperar, confortavelmente sentado, que o novo ano, o tempo, a vida, um Deus ou o vizinho do lado te tragam o que tu ambicionas.
Que pares de culpar o cavalo, a sela ou o piso por não chegares onde queres.
Que tomes as rédeas da tua vida na mão, e que dês o teu melhor para cavalgar na direcção que desejas. Que saibas pular os obstáculos, que tenhas a força para te levantar e voltar a montar se caíres. Que não desistas, se por momentos as rédeas te escorregarem das mãos. Que saibas aproveitar o passeio, mesmo quando o cavalo teimar em levar-te noutra direcção. Que continues em frente, mesmo que não saibas a direcção certa, mesmo que não vislumbres a meta. Que sejas paciente, se lhe apetecer descansar por momentos. E se te parecer que ele quer desistir, não o abandones... não vos abandones. Puxa tu por ele, corre com as tuas próprias pernas, até ao limite das tuas forças e ainda mais além. Se não conseguires correr, caminha. Porque ao ver a tua persistência, a tua garra e a tua vontade de vencer, o teu cavalo vai olhar-te com respeito e, com toda a certeza, ajudar-te a continuar a viagem.

É isto que desejo para mim, e para ti: 
Que saibamos apreciar o passeio, dando o nosso melhor para manter as rédeas nas nossas mãos.
Sabendo, claro está, que um cavalo selvagem é imprevisível; não consegues verdadeiramente domá-lo... E é aí que reside a sua maior beleza.

Que faças um 2015 fantástico! 





Navegar, navegar...



- De onde te vem essa tristeza?
- Da vida. Das dores da vida. Das minhas dores.
- És infeliz?...
- Pelo contrário! Sou muito feliz!
- Mas choras...
- É justamente por isso que sou feliz: porque agora estou triste, e choro.
- Não entendo.
- Sou feliz porque sou inteira. Porque às vezes estou alegre, e outras, triste. E abraço essas duas partes de mim: a alegre e a triste.
- És feliz porque entendes a tristeza?
- Não forçosamente... Tal como nem sempre entendo porque estou alegre - simplesmente estou - e vivo a alegria sem me questionar de onde vem ou porque veio. Aceito-a e vivo-a. Sou feliz porque aceito de igual modo o que me faz sentir bem e o que me faz sentir mal.
- Continuo sem entender. Vejo-te chorar e dizes-te feliz...
- Imagina o comandante de um navio que cruza os mares do mundo levando passageiros de porto em porto. Não lhe é dado a escolher que passageiros quer transportar; ele apenas decide se quer cumprir o seu propósito ou não: ou se faz ao mar ou fica ancorado a ver os outros zarpar.
Se decide navegar, deverá aceitar todos os passageiros. Todos os que têm bilhete para embarcar merecem ser tratados com o mesmo respeito e consideração.
Um bilhete dá ao passageiro direito a duas coisas: ao seu percurso e ao seu lugar - nem mais, nem menos. Ele tem o direito de fazer a sua viagem completa - não deve ser forçado a sair a meio do caminho, nem deve permanecer no navio depois de chegar ao seu porto de destino. E tem o direito de ocupar o seu lugar - não deve ser enfiado num buraco qualquer, nem deve tomar o lugar do leme (esse pertencerá sempre ao comandante).
Se um comandante começar a esconder no porão os passageiros de que não gosta, eventualmente o excesso de peso acabará por afundar o seu navio. Se entregar o leme nas mãos de um passageiro qualquer, é provável que se desvie drasticamente da sua rota e que acabe à deriva. Se a meio da viagem resolver atirar borda fora aqueles que o incomodam em vez de os levar a bom porto, corre o risco de desequilibrar o barco e ficar encalhado. Se resolver então atirá-los a todos borda fora, ficará com o barco vazio, e perderá o seu propósito, acabando ancorado algures. Obterá o mesmo resultado se se afeiçoar demasiado aos passageiros e os aprisionar na sua embarcação, impedindo-os de sair no seu destino - deixará de ter espaço para receber novos passageiros, logo as viagens perdem o sentido - fica igualmente estagnado.
Um bom comandante sabe que a sua missão, aquilo que o realiza e o faz feliz, é justamente servir o melhor que souber todos os seus passageiros. Recebê-los, tratá-los com respeito durante a viagem, e deixá-los no seu destino. Ele sabe que os passageiros são isso mesmo: passageiros - vêm e vão como as marés. É nessa impermanência, nesse ir e vir de passageiros que ele realiza o seu propósito.
Entendes agora que sou feliz porque sou o comandante do meu navio? O meu propósito é navegar o melhor que sei por entre acalmias e tempestades, dando a todos os meus passageiros a oportunidade de fazerem a sua viagem a bordo do meu navio. Sou feliz porque os recebo a todos de braços abertos, lhes permito fazerem a sua viagem conduzindo-os o melhor que sei, e os deixo partir quando é chegada a hora. Sou feliz porque sei que preciso de todos eles para manter o meu navio à tona, em equilíbrio e em movimento. São eles, todos eles, que me permitem continuar a fazer viagens, e por isso sou-lhes grata por embarcarem no meu navio.
- Sim, já entendi. Pronto, vai lá dar atenção à tua tristeza...
- Não é preciso... Ela já desembarcou, quando entrou o teu carinho. Não a viste sair? Obrigada por teres escolhido entrar no meu barco.





Experiência: O impacto das emoções


Masaru Emoto não é um cientista. É um autor e fotógrafo japonês, célebre pelas suas experiências com a água. Defende o autor que a água reage às informações a que é exposta, o que gera alterações a nível molecular.
Ele registou em fotografias microscópicas as suas experiências, nas quais expôs a água a diversos elementos (palavras escritas ou ditas, musicas, imagens), congelando-a de seguida, e fotografando então os cristais formados.  As imagens criadas no gelo são fenomenais, podem vê-las nos inúmeros vídeos disponíveis no You-tube.

Posteriormente, Emoto fez uma outra experiência, desta vez com arroz e água, que pela sua acessibilidade tem sido repetida por curiosos por este mundo fora. E eu, naturalmente curiosa, resolvi fazê-la também (ver para crer, como S. Tomé!).

A experiência pretende demonstrar o impacto que as nossas emoções e intenções têm na água, logo, o impacto que têm em nós mesmos, nos outros e em todos os seres vivos.


Consiste em colocar água e arroz em 3 copos transparentes e, todos os dias:
- Ao 1º dirigir frases e intenções positivas (amor e gratidão),
- Ao 2º ignorar,
- Ao 3º dirigir frases e intenções negativas (ódio, raiva, ressentimento).

A MINHA EXPERIÊNCIA:

Resolvi duplicar a parada (ou não fosse eu Gémeos!) e utilizei 6 copos:
- No 4º colei a palavra "Amor", e apenas lhe dizia todos os dias: Amor.
- No 5º colei a palavra "Ódio", e apenas lhe dizia todos os dias: Ódio.
- O 6º eu segurava durante alguns minutos junto a mim, em estado de tranquilidade e bem estar.

Durante 16 dias, os copos estiveram sempre juntos, no mesmo sítio, expostos à mesma temperatura, luz, etc.
Pessoalmente estou neste momento a atravessar um estado de goofiness natural (não ando bêbeda nem drogada, palavra!), e foi-me extremamente difícil aceder a estados emocionais de raiva, nojo ou ressentimento (mesmo invocando pessoas / situações que normalmente me colocariam nesses estados!), pelo que sinto que de alguma forma boicotei a experiência, já que além da dificuldade em dirigir emoções negativas, sempre que passava pelos copos não conseguia evitar sentir alegria e embevecimento pela experiência em si, ou seja, por todos os copos... A parte de ignorar um e só dirigir intenções negativas a dois deles não correu particularmente bem.

RESULTADOS:

Nos copos a que só dirigia intenções positivas foi desde cedo visível que o arroz estava a fermentar (uma diferença abismal foi desde logo notória no copo com a palavra "Amor"), mas naqueles a que supostamente teria de dirigir emoções negativas as alterações tardaram.
Os positivos absorveram mais água e estavam muito amarelinhos, os negativos mais esbranquiçados (meio acinzentados), mas o bolor não aparecia em nenhum deles. E assim estiveram até à noite passada.
O cheiro foi a diferença mais perceptível: os copos "positivos" emanavam um cheiro mais subtil e adocicado, os "negativos" começaram a cheirar bastante mal, sendo que terminei hoje a experiência porque do copo "ódio" exalava um cheiro nauseabundo.

Parece-me muito pertinente partilhar este dado convosco, já que interferiu brutalmente na minha experiência: O meu cão passou a semana toda insuportável (anda por aqui uma cadela com o cio, e o bicho chora noite e dia). Esta noite não me deixou dormir, e às tantas levantei-me absolutamente enraivecida e pronta a esganá-lo! Mas lembrei-me: eis a minha oportunidade! Em vez de esganar o meu menino, que afinal não tem culpa nenhuma de sentir o que sente, agradeci-lhe por me ter trazido a raiva que andava a querer sentir, e direccionei-a toda para o copo "ódio". E esta manhã, quando fui ver dos copos, fiquei estupefacta com a diferença!

SUGESTÃO:

Recomendo-vos vivamente que não se fiquem pela minha palavra. Testem! É uma experiência muito fácil de fazer, e com resultados extraordinariamente visíveis. Se tiverem filhos, façam-na com eles!
Esta maravilhosa experiência é uma possibilidade de consciencialização, de "ver com os próprios olhos" como, de facto, não só as nossas acções mas as nossas intenções, palavras e pensamentos são poderosos, e têm impacto em nós mesmos, nas outras pessoas, e em todos os seres vivos.
Mais, acreditando eu que tudo no Universo é composto de energia, e que a experiência se prende com troca de energias, ela não estará limitada à água ou aos seres vivos. Que impacto terão as minhas emoções nos ambientes em que vivo, na minha casa, no meu carro, na minha alimentação... Em que medida influencio, com os meus pensamentos e sentimentos, aquilo que me rodeia, e em que medida sou de facto eu responsável por tudo o que recebo de volta?
Se eu produzo determinado impacto em tudo o que me rodeia, a nível molecular... bom, tirem as vossas conclusões. Relacionem, por exemplo, as doenças físicas com os estados emocionais, ponderem o que andamos nós a oferecer a nós mesmos e aos outros, cada vez que sentimos rancor, ressentimento, inveja, raiva, desprezo...
É tempo de despertarmos...

Deixo-vos as fotografias que falam por si.


Dia 1 - 27/02/2014
Dia 16 - 15/03/2014





1 - Intenções positivas

2 - Ignorado

3 - Intenções negativas

4 - "Amor"

5 - "Ódio"

6 - Tocado (em estado emocional de tranquilidade)




Just a Tattoo...



Nunca fui grande apreciadora de tatuagens.
Defendo que cada um tem o direito de fazer do seu corpo o que entender, e eu entendia que isso de imprimir no corpo algo definitivo não era para mim. Até há poucos meses eu dizia, muito convicta, que nunca faria uma tatuagem! Hoje foi o dia em que o Nunca voltou para me morder no rabo...
Sinto-me tão feliz com a minha escolha que não quero deixar de a partilhar aqui, onde cabe tudo o que sou.

My tattoo...

  • Hoje - porque me sinto finalmente pronta para assumir um compromisso vitalício: comigo mesma. 
  • Uma tatuagem - porque quero ter sempre comigo esta âncora, este símbolo de aprendizagens feitas que quero manter presentes na minha vida; esta lembrança do que sou e do que quero honrar. Porque agora me faz todo o sentido gravar na carne, num misto de dor e alegria, o que tenho vindo da mesma forma a desenhar e memorizar no corpo mental, emocional e espiritual. 
  • Permanente - porque nesta existência de inconstância e efemeridade, também cabe o que permanece.    
  • Uma borboleta - porque é o símbolo da transformação, e eu não quero esquecer-me que sou um ser em eterna transmutação. Quero lembrar-me da beleza e da dor no processo da lagarta. Quero lembrar-me dos meus maravilhosos processos e da minha própria beleza. Quero lembrar-me que quando nada parece estar a acontecer, é exactamente quando dentro do casulo toda a magia acontece.
  • Com uma auréola de anjo e rabo de demónio - porque sou luz e sombra, corpo e espírito, divina e humana. Porque tenho em mim todas as dualidades.
  • Com uma imperfeição (pedido que o tatuador estranhou e não cumpriu tão bem quanto eu desejava), porque assim sou: perfeita na minha imperfeição.
  • Nas costas - porque assim é, e assim sou, mesmo quando eu não o consigo ver. 
  • No centro - porque agora sou, e quero fazer por ser sempre, o meu centro.
  • Num sítio visível mas não flagrante - porque não quero esconder quem sou, e também já não sinto necessidade de o bradar aos céus (abro excepção neste espaço sagrado onde exibo conscientemente todas as minhas cores).
  • Expressa num desenho único e original - porque assim quero que seja a minha expressão: única, idealizada por mim, em traços livres.
  • Abstracta - porque também eu o sou. Para me lembrar que somos mais do que se vê num primeiro relance, que é preciso querer ver e olhar com atenção para ver mais além. Para me lembrar de todas as formas da ilusão. E porque, às vezes, também eu me sinto um emaranhado de rabiscos sem grande sentido, e quero ter presente a beleza que pode existir nesse emaranhado.

Não só a tatuagem em si como todo o processo me validaram aprendizagens fundamentais.
Se estou feliz com o resultado, é também porque fui humilde e confiei: tive a humildade de reconhecer os meus limites e pedir ajuda a quem desenha infinitamente melhor que eu, confiei que ele faria o melhor que soubesse e entreguei-lhe as minhas costas.
Se estou feliz com o resultado, é também porque criei uma relação empática, expressei a minha vontade, fui franca com o outro e leal a mim mesma: só assim foi possível chegar a este desenho, a segunda tentativa. Esta tatuagem também irá por isso lembrar-me da importância de ser verdadeira e explicar-me com clareza, respeito, e as vezes que forem necessárias, exactamente o que eu quero, e não me contentar com o que não me faz feliz, não aceitar um compromisso que não me realiza para agradar aos outros.
Adoro a minha tattoo e estou certa que ao longo da vida a minha linda borboleta vai acumular mais e mais simbologia.
Just a tattoo? Certainly not.





Sobre Mestres e Monstros

Um texto para Reikianos... e não só. 




Quero assegurar-te que este texto foi escrito com amor e, como sempre, apenas com a intenção de mostrar outra perspectiva. O que dele retirares (ou não) será, também como sempre, uma escolha tua.
_______________________________

Nos últimos dias tenho assistido no facebook a um desfile de Mestres de Reiki revoltados com as "vigarices" que andam pelo mundo do Reiki.
"Mestres revoltados" - não te parece uma contradição em termos? Ponderemos: um Mestre não pode revoltar-se? Claro que sim, um Mestre é humano, logo vulnerável a todas as emoções. Mas pergunto eu: E um "verdadeiro" Mestre, é aquele que alimenta a revolta, ou aquele que escolhe saná-la?

Eu entendo que quem leva o seu trabalho muito a sério sinta a necessidade de alertar para o facto de existirem profissionais com posturas diferentes da sua. Ok, clarifica a tua posição ou, se te pedirem informações, dá a tua opinião sincera. Entrar em guerras, atacar fortuitamente o que para ti é errado, não será desvirtuar a essência do que pensas estar a defender?
"Só por hoje não me zango nem critico. Só por hoje sou bondoso e gentil com todos os seres vivos." - Mikao Usui (Príncípios do Reiki).

Vamos por pontos.


REIKI - MÉTODOS DE ENSINO

Conheço, falando dos extremos, quem faça iniciações de um dia sem mais acompanhamento e com intervalos entre elas pouco superiores aos 21 dias, e quem demore mais de 3 anos entre fazer a iniciação de 1º nível e a de Mestre, com partilhas semanais como parte integrante e obrigatória. Já existe também quem faça iniciações à distância e cursos on-line.
Conheço quem faça iniciações individuais, quem inicie grupos de meia dúzia, quem inicie cem ou duzentas pessoas de uma assentada.
Conheço quem não introduza nenhum símbolo no 1º nível, quem introduza o Cho Ku Rei, e quem introduza logo os símbolos todos (apesar de só ensinar a trabalhar com o 1º).
Conheço quem disponibilize manuais cheios de informação, e quem forneça o enquadramento histórico, os conceitos básicos e uma bibliografia onde os interessados poderão aprender mais.
Conheço quem considere que está a "colocar um dom no iniciado", e quem acredite que a iniciação é essencialmente uma tomada de consciência (o Mestre não está a dar nada, apenas facilita a revelação do que já existe em cada um e ensina a aceder a determinada informação/capacidade).
E posso dar, a quem me solicitar, a minha opinião sobre cada uma destas visões. Não creio que seja relevante aqui. A questão é: quem sou eu para dizer quem está certo ou errado?
Num Universo em que tudo é possível, do qual eu conheço (ou julgo conhecer) apenas uma ínfima parte, não será arrogância eu ter a certeza que estou certa? Como posso eu afirmar, com toda a certeza, que A é melhor que B para toda a gente, ou que C não funciona para ninguém? Eu posso dizer: A não funciona para mim, não me identifico com B, para mim C não faz sentido, ou não sou capaz de fazer D.
Posso dizer X, Y e Z não correspondem à metodologia de Mikao Usui, são uma variação dos seus ensinamentos, é uma corrente diferente, ou desconheço essa forma de fazer. Isso é legítimo.
Dizer simplesmente que é errado parece-me um julgamento prepotente ou ignorante (correndo o risco de estar eu mesma a fazê-lo também neste momento). Humildade, não nos esqueçamos da humildade... Só por hoje...


"ATAQUEMOS O GRATUITO, O BARATO E O CARO!"

Tira o dedo do gatilho por um minuto...
Se um terapeuta oferece sessões gratuitas ou a low cost, é porque não presta um bom serviço: é incompetente ou não tem experiência; se cobra um valor elevado é seguramente um vigarista e oportunista. Cuidado com as generalizações... Pode ser assim e pode não ser.
No primeiro caso: Tal como há fantásticos advogados, que cobram os seus honorários e fazem simultaneamente trabalho pro-bono, também há excelentes terapeutas que se disponibilizam para tratar gratuitamente ou por um valor simbólico quem não pode pagar os tratamentos.
No segundo: O terapeuta pode entender que o preço praticado é o justo, pelo investimento que fez na sua formação, por exemplo.
Há quem faça, como em qualquer outro ramo, promoções, pacotes ou ofertas para cativar mais clientes. Isso implica que é trafulha? A meu ver, implica unicamente que é inteligente, e que toma as medidas necessárias para sobreviver numa economia desfeita e num mercado onde a oferta cresce a um ritmo superior à procura.
Podes ficar "bem ou mal servido", quer sejas atendido gratuitamente, quer pagues o valor "de mercado", quer pagues uma exorbitância - que isto fique claro. O valor (ou sua ausência) não é garantia de nada: nem de qualidade, nem de falta dela; é apenas a opção legítima de cada terapeuta.


"DEFENDAMOS AS POBRES VÍTIMAS DOS VÍGAROS!"

Quase que só me apetecia escrever uma palavra: RESPONSABILIZAÇÃO. Mas vamos lá...
Se eu precisar de consultar um terapeuta, ou se eu quiser tirar um curso, não será minha a responsabilidade de procurar pelos meios que tiver disponíveis aquele que melhor me servirá? Como em todas as áreas, existem bons e maus profissionais. Compete-me a mim, dentro daquilo que me for possível, com os recursos de que disponho, escolher o terapeuta que me transmite confiança ou o curso que me apresenta os conteúdos e metodologia que mais me interessa.
Se eu não fizer o meu trabalho e agarrar a primeira opção que me aparece, e ela se revelar uma má escolha, de quem é a responsabilidade senão minha? Vou culpar o terapeuta, porque é incompetente, ou o formador, porque até tem conhecimento mas é um péssimo pedagogo? A escolha (ou demissão dela - o que é por si só também uma escolha) foi minha...
É mais que tempo de cada um se responsabilizar pela sua vida (e apenas pela sua vida!), pelas suas escolhas e pelas consequências que elas lhe trouxerem. O mesmo é dizer que chega de nos vitimizarmos ou colocar os outros no papel de vítimas que temos de defender.
O meu papel na vida do outro, quanto muito, e se solicitado, será o de consciencializar para a importância da responsabilização das suas escolhas. E, se solicitado, dar o meu parecer, que nunca será mais do que a minha (e apenas a minha) percepção sobre a pessoa, instituição, curso, ou o que for.
Clarificando: Quem quer boas influencias na sua vida que faça por tê-las. Não és tu que tens de o defender das más. Afinal... quem queres tu defender? Quem se sente realmente atacado, além de ti?


"ABAIXO OS FALSOS MESTRES!"

"Semelhante a uma flor, que parece linda mas não tem nenhum perfume, assim são as palavras infrutíferas do homem que as fala mas não as coloca em prática." - Dhammapada

Palavras como Mestre e Guru estão hoje tão banalizadas que perderam a sua verdadeira essência.
Eu fui iniciada no 3º nível de Reiki. Não me considero Mestre. Nem de Reiki, nem de coisa alguma. Tenho algum saber e alguma sabedoria que me disponho a partilhar com quem me procure, e tenho uma infinidade de coisas a aprender. Talvez um dia venha a ser formadora. Farei o meu melhor por ser sempre inspiradora. Ser Mestre é uma honra e uma responsabilidade que eu respeitosamente declino.
Se tu te julgas realmente nesse caminho, recorda-te apenas que o Mestre inspira pela palavra e pela acção; pelo conhecimento e pela sabedoria. Mais do que ensinar, o Mestre quer aprender, e sabe que a melhor forma de aprender sobre os outros, é aprendendo sobre si mesmo. Repara que quando esticas o dedo para fora e acusas "Falso Mestre!", três dedos da tua mão apontam para ti... Porque insistimos em ver o mal dos/nos outros, quando claramente ainda há tanto a trabalhar em nós mesmos?
"A alma não tem segredos que o comportamento não revele." Lao-Tsé

A Luz não existe sem a Sombra. Mais, "Luz" e "Sombra" são conceitos humanos, logo dependem da percepção de cada um. Até os "maus" Mestres têm razão de existir. Sem os maus, como reconhecerias os bons?
Deixa a "Sombra" existir. Não te compete eliminar a sombra do Universo... Experimenta em vez disso perceber apenas o que tu percepcionas como Luz e como Sombra, e de qual delas te queres aproximar mais. E deixa que cada um escolha igualmente onde se quer posicionar.
"A tua acção é a tua punição e a tua recompensa. Tu és o Mestre do teu destino." - Osho
Sê o teu próprio Mestre e permite que cada um seja o seu. Cada um tem o direito de escolher o seu destino e o seu caminho, cada um criará as suas próprias punições e recompensas.
"Tolerância não significa aceitar o que se tolera." - Mahatma Gandhi - Se não te serve, não incluas na tua vida. Mas respeita que faça sentido na vida do outro.

Consciencializa-te da incongruência que estás a viver, quando por um lado te intitulas Mestre de Reiki e defendes fervorosamente a ética, e por outro dedicas tanto do teu tempo a julgar e criticar, a alimentar a raiva e o rancor, acreditando arrogantemente que a única maneira é a tua maneira. Entende que a tua verdade não é absoluta, ela é apenas a tua verdade. Vive-a, pois. Quanto mais te focas nas verdades dos outros, mais te afastas da tua. Questiona-te: Não ganharei muito mais (paz, harmonia, felicidade) a exultar a minha verdade do que a atacar as verdades alheias? Não ganho mais a construir a minha realidade do que a tentar destruir as realidades dos outros? Que energia e emoções estou eu a viver e a partilhar num caso e noutro? Muda o foco... Deixa lá os outros e as acções dos outros, e toma atenção às tuas...
"Não há inimigos fora de ti próprio." - Tulko Lobsang


MESTRES

"Ao envelhecer deixei de escutar o que as pessoas dizem. Agora só presto atenção ao que elas fazem." - Andrew Carnagie

Ao longo da nossa vida, se estivermos atentos, encontramos alguns Mestres. É possível que não tenham certificado algum, que não façam a menor ideia do que seja o Reiki, que nunca tenham pensado em energias ou espiritualidade. É possível que sejam pessoas totalmente cépticas e descrentes. É possível que sejam iletradas, humildes. É possível que assumam a forma de pedintes, crianças, ou pessoas pouco empáticas ou que nos provocam até alguma resistência. Fica atento: observa os outros com humildade e curiosidade, disposto a aprender. A Mestria revela-se por vezes onde menos a esperamos.

Os princípios de Reiki, os ensinamentos espirituais de Jesus, Budha, Osho, Gandhi, Madre Teresa, Dalai Lama, Lao-Tse, Veda Vyasa, Rumi, etc., etc., etc., não valem rigorosamente nada se não passarem de frases poéticas com que te envaideces, convencido da tua sabedoria.
O Mestre não nasce de frases bonitas; são as frases que nascem das vivências bonitas do Mestre.
É fácil ser "espiritual" em meditação ou retiro. O desafio, e o que faz dos Mestres Mestres, é sê-lo aqui, neste plano, neste corpo humano, com esta mente contraditória, entre relações conflituosas e situações frustrantes e assustadoras. No dia a dia. A grandiosidade não está em criar ou repetir frases poéticas, mas em viver conscientemente cada dia, e experienciar momentos que, de tamanha beleza, lucidez, humildade, dor, aprendizagem, amor e conexão, se transformam depois em poesia.
Quando dizes Namasté, tens de facto a convicção que habita um Deus em cada um de nós, ou pensas que isso só se aplica àqueles que passam no crivo do teu julgamento?
Quando unes as tuas mãos e baixas a tua cabeça, fá-lo de facto em reverência, humildade e gratidão pela perfeição do outro, ou é apenas um gesto impensado?
"A coisa mais difícil do mundo é dizer pensando o que todos dizem sem pensar." - Émile-Auguste Chartier
O que te diz o teu espelho, na sua forma mais pura e honesta? És tu um Mestre?

Por vezes, o Mestre não sabe que é Mestre.
O Mestre não quer ser Mestre de ninguém, além de si mesmo.
O Mestre expõe, não impõe.
O Mestre aceita tudo o que É.
O Mestre agradece todas as oportunidades, e transforma-as em aprendizagem. Todas.
O Mestre sabe que espelha e é espelhado.
O Mestre conhece o seu Mestre e o seu Monstro, e reconhece-os no outro. E respeita essa dualidade. Incluindo a sua.







Depois da tempestade...


O chilrear dos pássaros anuncia-me que a Stephanie já partiu e o sol voltou a brilhar.
Algumas árvores derrubadas, uns quantos vidros partidos.
Incontornável é também o intenso cheiro a terra molhada. Apesar do frio a luz é quente, e parece avivar as cores dos velhos edifícios e dos canteiros que os adornam. Os verdes ficaram mais verdes e a relva transpira, pulsante de vida. Por agora o sol brilha.

Observa a tua casa. É possível que a sua estrutura tenha abanado, ou que tenha ficado virada do avesso. É possível que haja um rasto de devastação à tua volta.
E é por isso possível que precises de algum tempo para apanhar os cacos, recuperar os estragos, e repor a harmonia dentro das tuas paredes.
É também possível que essa te pareça agora uma tarefa infindável, demasiado penosa, e totalmente injusta: um castigo que não fizeste por merecer.
É, ainda, possível que ela volte; possivelmente ainda mais destruidora. E é possível, ou provável, que estejas novamente impreparado para a receber.

Quantas Stephanies já te visitaram na tua vida? Quantas vezes já sentiste que nunca dobrarias o cabo da Boa Esperança? E quantas vezes, quando te parecia impossível, acabaste por dobrá-lo e reencontrar a bonança do outro lado?
Lembra-te: mesmo depois da pior das tormentas regressa a calmaria, e a vida encontra sempre uma forma voltar a brotar em todo o seu esplendor. Mais cedo ou mais tarde o mar acalma, o furacão transforma-se em brisa, e o sol volta a iluminar os caminhos.
Há tempestades que não podemos evitar; às quais não conseguimos fugir. Se não te adianta fugir, abraça-a. Enfrenta-a. Vive-a. Sente a chuva, o vento e a trovoada. Chora as tuas perdas, vulnerabiliza-te, permite-te experienciar o sofrimento. E depois deixa-o partir, da mesma forma que chegou.
Deita fora o que se partiu, reconstrói o que ficou. Depois do temporal verás que encontras novos materiais à tua disposição, e que com eles vêm novas ideias e melhores projectos. Irás surpreender-te a olhar para a tua casa de uma perspectiva que nunca antes tinhas observado. Quando o sol voltar a entrar pelas novas janelas, quando ele beijar os teus novos bens, inundar cada recanto e te envolver no teu novo espaço, verás que afinal o castigo talvez tenha sido uma bênção, e que a tua casa está agora mais bonita que nunca!
Assim são as tempestades, e assim é a maravilhosamente inexplicável Vida.






Seize the moment


Durante a certificação de Practitioner em PNL fui voluntária para a demonstração de um exercício que acabou por me "exigir" alguma exposição e vulnerabilização. No fim, alguns colegas procuraram-me para me parabenizar pela coragem, ou agradecer pela entrega. E eu agradeci-lhes de volta, por não se terem voluntariado...
Seria interessante que os meus colegas conseguissem entender que o meu acto não foi de coragem, mas de puro interesse. Em última análise, fui egoísta. E sou frequentemente uma tremenda egoísta, se assim entendermos que o é alguém que quer tirar o maior proveito possível de cada situação.

Era suposto ontem ter deixado uma mensagem inspiradora aos meus colegas, e seria esta a sugestão que lhes queria deixar, mas a emoção embargou-me a voz e tolheu-me as palavras... fica aqui a mensagem para eles, e para "quem mais a quiser apanhar".

Quando participo num curso, seminário, workshop, seja ele de formação profissional ou desenvolvimento pessoal (ou ambos!), vou com a atitude que quero implementar cada vez mais na minha vida: aproveitar ao máximo cada momento. Se tenho ali profissionais extraordinários com quem posso trabalhar e melhorar, seguramente vou "usá-los" tanto quanto puder, respeitando obviamente o espaço dos outros e não privando ninguém das suas oportunidades.
E é esta a sugestão que quero deixar aos meus colegas e a ti, que me estás a ler agora: aproveita cada momento! Seja um curso, uma reunião, um jantar em família ou um café com amigos. Os pequenos momentos: os beijos, os abraços e as gargalhadas. Os banhos dos filhos, os passeios dos cães, os telefonemas da mãe, os serões de enroscanço no sofá... Aproveita! Porque quando deres por ti, o momento já passou. Aquela oportunidade, única e irrepetível, já expirou.
Então é exactamente esta a minha sugestão: aproveita ao máximo a vida e tudo o que ela te oferece, da forma que fizer sentido para ti. Vigia-te, para que não te esqueças de o fazer. De vez em quando vai espreitando para trás, por cima do ombro, só o tempo suficiente para te responderes: "Aproveitei tudo o que queria?" Se sim, excelente! Se não, pergunta-te: "O que quero saborear melhor na próxima ocasião semelhante?"
Podes sempre sempre tirar o melhor partido de cada situação. Sim, mesmo em situações que nem sequer escolheste! Ficas preso no trânsito. Vais chegar tarde a um compromisso importante.
Ok, tens duas opções: ou vais o caminho inteiro a stressar e chegas ao teu destino num estado de elevada irritação, ou aproveitas a oportunidade para apreciar a paisagem.
Não há paisagem, estás no meio da cidade com carros por todos os lados. Ok, podes observar as pessoas à tua volta, podes ouvir o teu programa de rádio e cantar as tuas músicas preferidas.
Estás enfiado dentro de um túnel, até já desligaste o carro e nem consegues sintonizar o rádio. Ok, aproveita para meditar. Podes fazê-lo de olhos abertos... Aproveita para pensares nas coisas boas que tens na tua vida. Começa por te lembrar que tens vida. Que tens mobilidade e autonomia. Que sabes conduzir. Que tens carro e dinheiro para o combustível. Que tens compromissos onde a tua presença é importante, logo: tu és importante. Lembra-te de cada pessoa importante para ti. Cada familiar, cada amigo, cada colega, cada cliente... Vais perceber que é interminável a quantidade de coisas boas que tens na tua vida, e que poderias passar horas a pensar em todas elas. Verás que te esqueceste do trânsito, e que por momentos saíste do túnel e estás a conduzir um descapotável à beira mar, num dia de sol. E quando deres por ti, já saíste efectivamente do túnel, já chegaste ao destino, o mundo não acabou, sentes-te bem e disponível para te focares no compromisso, e chegaste exactamente à mesma hora que chegarias se tivesses passado todo esse tempo a stressar com o trânsito...
O que "te acontece", nem sempre é opcional. Mas a forma como aproveitas cada acontecimento é uma escolha tua.

Aproveita, o melhor que souberes, cada momento da tua vida. Atreve-te a dizer "Sou frequentemente egoísta." Desconfio que descobrirás que, curiosamente, quando te tornas sabiamente egoísta transformas-te numa pessoa muito melhor para todos os que te rodeiam.






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Este post foi escrito 2ª feira. Curiosamente, publiquei-o já depois da meia-noite, pelo que tem data de 3ª.
E digo curiosamente porque 3ª feira, justamente, recebi uma notícia daquelas que nos faz olhar de frente a nossa mortalidade. Releio o texto e penso três coisas:
- De facto, nada acontece por acaso.
- Isto faz cada vez mais sentido para mim.
- E fico feliz por perceber que já tinha esta consciência antes de ser confrontada com a minha própria mortalidade.
A vida é bestial!





Today, by MY book.



365 dias. Mais 365 dias.
Nesta altura, pelo menos estes 365 tomamos como garantidos. E não nos poupamos a clichés e metáforas:
Ano novo, vida nova! Novo capítulo. Um livro em branco, com 365 páginas por escrever.
E todos vamos mudar de vida! De esperanças renovadas e peito inflado de convicções e compromissos, todos vamos ser mais saudáveis, mais elegantes, mais amorosos, mais compreensivos, mais empenhados, mais audazes, mais felizes! Todos fazemos as nossas listas de resoluções que raramente chegam a soluções, ou como diz alguém que admiro, todos criamos listas de novos conflitos internos.
Um novo ano é sempre um novo início. A fresh start.

Esta passagem de ano perdi uma amiga.
Dos 365 dias que todos assumimos que teremos para criar uma vida nova, ela teve 2 horas.
Como acontece sempre que alguém que nos é querido vê a sua viagem interrompida demasiado cedo, a sua partida veio relembrar-me da importância de viver o Agora.
Que se forniquem as 365 páginas em branco, eu vou página a página! O Amanhã que espere por mim, porque eu vou viver o Hoje. E que se lixe o by the book, eu quero viver by my book.

Aqui me comprometo a viver, de ora em diante, e dia a dia, com esta consciência da arrogância que é tomarmos a vida como um direito adquirido.
Aqui me comprometo a agradecer todas as manhãs, ao abrir os olhos, o simples facto de os ter aberto, de estar cá, de me ser permitido continuar cá, e me ser dada a oportunidade de escrever mais uma página.
Farei por ser merecedora dessa benesse. Darei o meu melhor para que o meu livro seja uma fiel representação de quem sou. Quero orgulhar-me do livro que um dia vou deixar por cá. Quero que as pessoas que me são preciosas, ao folheá-lo depois da minha partida, encontrem as suas personagens em várias páginas, e sorriam com as nossas histórias.
Nem todos os capítulos serão inspiradores, poéticos, imaculados ou desenhados pela mais bela caligrafia. Haverá seguramente páginas rasuradas, mal escritas, com erros, amarrotadas, com a tinta borrada por água salgada. Haverá páginas mais preenchidas e outras mais vazias. Alguns parágrafos mais coloridos que outros. Umas quantas linhas menos felizes. Palavras feias aqui e ali. Que assim seja. Que no seu todo, eu esteja de facto impressa de forma incontornável, e que transpareça o que de melhor eu conseguir deixar e levar desta passagem, página a página.

***

Obrigada, querida Susana, minha "filhadinha". Foi uma honra ser a tua "madinha".
De ti guardarei o riso rasgado. Os doces deliciosos. O ar de miúda traquina. As diabruras. A candura. Os beijos na boca às amigas. O pino e os saltos para as cavalitas dos amigos. Os miminhos que fazias e levavas para cada um, em cada encontro. Sempre. O dedo espetado nos bolos e nos pratos de comida de todos os que tiveram o privilégio de partilhar contigo aqueles jantares que tanto amavas. Se para muitos de nós eles eram apenas mais uns momentos animados, sei que para ti eles eram uma verdadeira bênção, uma fuga da dureza da vida, que bem te soube fustigar. E naquelas horas, que diabos, tu divertias-te à grande e armazenavas a risota que te dava forças para os próximos tempos!
O dedo espetado nos bolos. É assim que me vou lembrar de ti.







10,9,8,7,...



Novos projectos e alguns desafios pessoais têm-me mantido afastada do meu cantinho.
Alguma preguiça também, confesso.
Traz-me de volta "aquela" altura do ano - reflexões, balanço do que foi, objectivos para o que será.

A preocupação de comer as doze passas sem me engasgar retira-me sempre alguma lucidez no momento de fazer os doze pedidos para o ano que está a nascer.
Achei por bem deixá-los aqui, para futura consulta, ainda longe da pressão das doze badaladas demasiado rápidas.
Claro que poderia, qual Miss Universo, desejar o fim da fome e a paz no mundo. E desejo.
Mas crendo que a mudança começa em cada um de nós, este ano desejo ser o melhor de mim, para dar o melhor de mim, e receber o melhor dos outros.

1) ACEITAR as minhas imperfeições e as dos outros.
2) RESPEITAR a minha verdade e todas as outras.
3) EVITAR julgar - a mim e aos outros. Tomar consciência quando o faço.
4) VALORIZAR a mim, aos outros, as conquistas, as alegrias, as pequenas bênçãos.
5) DESVALORIZAR o que não me traz nada de bom. O que não é realmente importante. O que não posso mudar. O julgamento dos outros. A ilusão de controlo. A seriedade excessiva.
6) AGARRAR as oportunidades. Ou criá-las. Arriscar. Acreditar. Investir.
7) ENCARAR os desafios. Avançar: bem ou mal, muito ou pouco - avançar. Sempre.
8) VIVER os meus valores e as minhas paixões.
9) PRIVILEGIAR os afectos e as emoções.
10) SENTIR. Seja o que for. Entregar-me. Vulnerabilizar-me. Continuar a preferir sofrer a não viver. E "aguentar-me comigo e com os comigos de mim", diria Fernando Pessoa. It's ok not to be ok. What's not ok is not to be. 
11) AGIR. Fazer acontecer. Porque sem acção o sonho não passa de sonho.
12) SER. Ser corpo, mente e espírito. Ser Espiritual, com todas as crenças (in)abaláveis e eternas dúvidas. Ser Humana, com toda a grandiosidade e fragilidade, com toda a sabedoria e ignorância, e todas as dualidades inerentes a esta condição efémera. Ser Mulher, em todo o seu esplendor, com toda a fascinante complexidade e simplicidade. Ser criança: viver o presente, saborear o momento, brincar, rir desmesuradamente, amar sem medo, ser pura e despudorada, espontânea e transparente, ser incansavelmente curiosa, ver tesouros no lixo, experimentar, tocar, abraçar, cantar, dançar, sorrir a um estranho, estar disponível e receptiva, chapinhar nas poças de água, beber água da chuva, descobrir novos mundos, inventá-los, lambusar-me de gelado no verão, passar horas no mar, derreter ao sol, fazer palermices só porque sim. Amar. E depois amar mais ainda.
Ser quem sou.

E nos dias em que tudo isto falhar, lembrar-me do primeiríssimo item da minha ambiciosa lista: aceitar as minhas imperfeições.

O MEU LEMA PARA 2014:







Queda Livre



Sem rede.
Sente cada passo. Respira - a cada passo. Sente, intensamente, com todo o corpo, cada pequeno passo. E avança. Avança titubeante na corda que a sustem. E sustem a respiração. Mas avança.
Sempre fora mulher de chão. Da segurança e da solidez do chão.
Odiava alturas e desafiar o vento. Fugia de tudo o que ameaçasse a estabilidade de dois pés bem cravados no solo.
Não sabe o que mudou. Por que artes e engenhos mudou. Magia ou bruxedo, cura ou maleita, milagre ou apocalipse, salvação ou perdição - desconhece em absoluto o que a transformou e o que lhe trará a transformação. Sabe que agora odeia o chão. Aborrece-a. Parece-lhe demasiado pequeno e desinteressante.
Do alto da corda, ainda que rodeada de névoa, alcança o que nunca vira de pés fincados na terra. E respira. Como respira melhor! Sente que cresceu uns bons vinte centímetros, desde que largou o peso que a enterrava no betão, e levitou para aquela corda a perder de vista.
Aqui os passos não são passos, são vitórias. Cada passo é uma conquista. Saboreada. Apreciada. Minuciosamente sentida por cada músculo. Aqui não há espaço para passos em vão. E nesta corda, só cabem os seus pés.
Não sabe onde a levará. Não sabe se ela tem fim. Ou se é para lá que quer ir. Talvez outra corda se cruze com esta mais adiante; e talvez essa outra a atraia. Talvez salte, um dia. Talvez desça tranquilamente; talvez caia abruptamente. Nenhum desses talvez lhe interessam agora. Por ora, avança. Tudo o que sabe, e tudo o que quer saber, é que põe um pé em frente do outro. E respira.
Talvez acabe por cair, em queda livre. Que seja. A tónica não está em "queda", mas em "livre".
Sem rede. E avança. Já não sabe caminhar no chão.






It's Magic!



A vida é mágica!
E tal como num número de magia, se passas o tempo todo a tentar perceber o que está por trás da ilusão... perdes o espectáculo!
Deixa-te envolver pela magia. Deixa-te fascinar por ela. Deslumbra-te. Vive-a.
Escuta, não tens de saber todos os porquês... A curiosidade e a busca de conhecimento são enriquecedoras... porquanto não te escravizem. Aceita que haverá sempre coisas que te transcendem. Nesta maravilhosa sala de espectáculos não haverá ninguém conhecedor de todos os "truques" e seu funcionamento. Não te agastes tanto.
A magia é linda. Se te interessa saber mais sobre ela, investiga-a. Mas não te esqueças de também lhe apreciar a beleza.
Enjoy the show!




Sinto? Que seja!



É comum encontrar este tipo de discurso motivacional pelas redes sociais. Eu própria partilho alguns. E este é maravilhoso! Se o conseguires sentir, não hesites em viver dia a dia, do lado da felicidade!
Com o que tenho aprendido, faço o possível por me focar no Agora, e como Reikiana, tento adoptar a filosofia "Só por hoje" e seguir os Princípios do Reiki. E é realmente fantástico quando os conseguimos integrar na nossa vida.
Mas presta atenção: SE e QUANDO o conseguires SENTIR - verdadeiramente.

Acredito que cá andamos para experienciar emoções. E o bouquet de emoções é vastíssimo. Não serão todas "boas", ou melhor, nem todas serão agradáveis de sentir. Mas todas são legítimas, todas trazem experiência, crescimento e aprendizagem.
Se hoje te sentes triste, pois que seja! Se sentes raiva, que seja raiva! Amor, paixão, solidão, entusiasmo, angústia, esperança, desilusão, alegria, ciúme - permite-te sentir! Tudo na vida serve um propósito, e tudo acontece quando e como deve acontecer. Não há por isso emoções "erradas". Estás a sentir o que tens de sentir no momento. E está tudo certo. Observa a emoção que estás a sentir, e aceita-a. Todas elas fazem parte da vida e do teu processo; por muito feias que sejam (ódio, inveja, rancor, desdém): observa e aceita. E deixa partir. O reconhecimento da emoção é o que te permitirá resolver e transformar. Fingires, tentares soterrar os teus sentimentos, isso sim, irá bloquear-te e envenenar-te.

Lembra-te: A vida é um jogo em que cada um terá de encontrar as suas regras; perceber o que funciona para si. O que partilho contigo é, sempre, o que me serve a mim. Aproveitarás o que ressoar contigo. Ou não.
Actualmente, a minha postura em relação a emoções - positivas ou negativas - é esta: permitir-me sentir, não camuflar. Se estou feliz, estou feliz; se estou triste, estou triste. Se hoje me apetece pular e cantar, pulo e canto; se me apetece chorar e gritar, choro e grito. As emoções devem ser vividas e libertadas; não reprimidas. Todas elas.
A minha escolha não incide nas emoções que sinto, mas nas que quero alimentar ou não. E eu opto por não alimentar as que me colocam num estado de dor. Não me permito entrar num processo de vitimização, entregando-me a emoções que me causam mal-estar. Tento perceber a origem da emoção: de onde vem? O que a provocou? Porque estou a sentir isto? É justificado? Houve algum acontecimento, de que eu tenha consciência, que a tenha despoletado? - Se sim: Não posso mudar o que aconteceu, mas então o que posso eu fazer para mudar o que sinto em relação ao que aconteceu? Se não (e podes estar triste ou irritado sem perceberes porquê), das duas uma: ou simplesmente aceito que é o que estou a sentir e que há-de passar, ou, se me interessa perceber a origem, tento chegar até ela (pela meditação, por exemplo).

A experiência pessoal diz-me que sufocar as emoções não me trará nada de bom.
Somos formatados numa série de crenças: os outros não têm nada a ver com a minha vida; os meus sentimentos só a mim dizem respeito; não vou estragar o ambiente porque estou chateada,... Resumindo: devemos estar sempre bem.
Por isso respondemos sempre afirmativamente à pergunta da ordem "Tudo bem?", que é feita já com o pressuposto da resposta: "Tudo, e contigo?" - Nem paramos para ouvir a resposta. É mais uma saudação do que propriamente uma pergunta. Mas não tem de estar sempre "tudo bem". Não há mal nenhum em estares mal! Não tens de conter a tristeza, tal como não tens de conter a alegria! Tens direito a estar triste, aborrecido, magoado, frustrado, o que for. E se é certo que não tens de contagiar os outros com o teu mal-estar, também não tens de fingir para o mundo um bem-estar que não sentes! Os outros que sejam inteligentes e não se deixem contagiar pela tua tristeza ou mau humor!
Não me lixem, não há ninguém que esteja sempre alegre e bem disposto! Ser feliz não implica ser imune a momentos de tristeza.
Mas é esperado que estejamos sempre bem... E então forçamo-nos a isso. Esforçamo-nos por manter a aparência, e pior que isso, muitas vezes enganamo-nos a nós mesmos, fabricando um falso bem-estar. Queremos tanto estar bem, que acreditamos que se nos convencermos de que estamos, ficaremos. Optamos por silenciar a voz que nos diz "estou mal". E, mais uma vez: se isso funcionar para ti; fantástico! É perfeitamente possível mudar o sentimento mudando o pensamento! Afinal, o pensamento tudo cria. E digo-te que por vezes eu consigo fazê-lo. Mas nem sempre... Se o sentimento continua lá, e só estás a fingir que o mudaste... atenção a isso.

Quanto mais depressa te libertares de um emoção desagradável, melhor para ti. Investe nisso. Aceita, sente, resolve dentro de ti e segue em frente. Acredita: de nada te servirá uma ilusão de bem estar.
Voltamos sempre ao mesmo: vive a tua verdade! Ri, chora, abraça, dança, descabela-te! Sente!! Sente tudo o que sentires!








A verdade, toda a verdade, e nada mais que a verdade



A tua verdade é o teu centro. Jamais encontrarás o teu centro fora de ti.
No fundo, esta é a base do teu bem estar. Sem identificares as tuas verdades não saberás quem és, andarás eternamente à deriva, e serás sempre um seguidor das verdades dos outros.


Numa discussão com um amigo sobre "a ordem natural das coisas", ele resolve contar-me um episódio ilustrativo: Quando mudara de casa, não tinha dinheiro para comprar uma aparelhagem "à séria". Então foi comprando CDs. Quando conseguiu comprar finalmente a aparelhagem dos seus sonhos, tinha uma colecção de 600 CDs.
Isto só aumentou o saudável debate, porque para mim aquilo era completamente absurdo! No lugar dele, eu teria comprado uma aparelhagem inferior para poder ir ouvindo os CDs que comprava, ou em vez de comprar CDs, teria juntado dinheiro para a aparelhagem dos meus sonhos. Aquilo apresentava-se-me como uma falta de lógica absoluta! Até porque ele continuaria a comprar CDs, e provavelmente acabaria por nunca ouvir os 600 que entretanto juntara!
Escusado será dizer que foi uma daquelas discussões em que acabámos por concordar em discordar. Qual de nós estava certo?! Os dois! Ele fez o que fazia sentido para ele, e eu teria feito o que me fizesse sentido.
Imaginemos que um amigo comum - um seguidor - se vê privado da sua aparelhagem e todos os CDs.
Ele ouviria as nossas duas versões, somava-lhes as opiniões de mais uns quantos amigos, e ficaria completamente perdido, sem saber qual a opção certa. Entregue à dúvida, nem aparelhagem nem CDs!

A indecisão inibe a acção. A incapacidade de reconheceres a tua verdade bloqueia-te; impede-te de agires. E a única coisa que importa perceber, é que não há uma opção certa; há a opção certa para ti. A resposta, só a encontrarás dentro de ti. Enquanto continuares à procura fora de ti, o mais provável é que aconteça uma de duas coisas: Ou a procuras só numa outra pessoa (namorada/o, irmã/o, amiga/o, Mestre,...) e adoptas a verdade dessa pessoa como tua; ou procuras aconselhar-te com todas as pessoas da tua confiança, e como cada uma terá a sua verdade, darás por ti preso em eternas dúvidas, a tentar perceber qual dos teus amigos estará certo.
Questionarmo-nos é positivo. Petrificarmos na infindável busca da resposta perfeita pode ser devastador. É que ela não existe... o que é perfeito para mim, não será para ti; e o que é perfeito hoje, deixará de o ser amanhã.

Eis algumas das minhas verdades sobre a minha verdade (daquelas que eu faço questão de me ir relembrando, nem que seja à força de bélinhas e beliscões):
  • A minha verdade é minha. - Ela serve-me a mim e só a mim. Ela faz-me feliz; não é uma fórmula universal de felicidade.
  • A minha verdade acompanhará a minha evolução. - Se eu sou um ser em constante transmutação, também a minha verdade mudará em função das minhas vivências e do meu crescimento.
  • Devo aceitar todas as minhas verdades, como parte integrante da grande verdade que sou Eu.
  • Posso e devo escutar as verdades dos outros, respeitá-las, e retirar delas o que me fizer sentido. 
  • Posso e devo partilhar as minhas verdades com os outros. Devo aceitar que os outros, tal como eu, só reterão das minhas verdades aquilo que lhes fizer sentido.
Isto pode ser mais complicado do que parece (daí que eu de vez em quando ainda tenha de me beliscar).
Mesmo para quem já tem alguma consciência do ego, do julgamento, do livre arbítrio; mesmo para quem já abdicou de ser dono da razão.
Ainda que movidos pela melhor das intenções, caímos frequentemente na tentação de impor a nossa verdade. Porque somos seres de afectos, e é muito difícil desapegarmo-nos completamente da "preocupação" com os que amamos. E se estamos bem e os vemos mal... a mente diz-nos que eles devem seguir as nossas pisadas, para que também eles fiquem bem. Um pouco como um pai financeiramente bem sucedido faz tudo para que o filho siga a sua profissão. Tudo em nome da felicidade de quem amamos!
Mas é aqui que tenho de fazer um esforço consciente para me lembrar das minhas verdades: "A minha verdade é minha. - Ela serve-me a mim. Ela faz-me feliz; não é uma fórmula universal de felicidade." É um erro tentar salvar os outros com a minha verdade. Ainda que bem intencionado, mas sempre um erro.


As minhas sugestões:

A ti, eterno angustiado:
Em caso de dúvida questiona-te: O que me faz sentido? Só quando conheceres as tuas verdades saberás quem és, e só aí saberás para onde ir. Até lá, continuarás paralisado, incapaz de agir, de concretizar, de viver. Pára de buscar orientação nos outros. Escuta-te. Não te deslumbres com a sabedoria alheia; a tua é-te tão ou mais valiosa. Só quando desistires de te perderes nos outros poderás encontrar-te em ti.

A ti, que já estás no teu caminho:
Lembra-te: esse é O TEU caminho. Dar a conhecer uma verdade é diferente de impô-la. E ajudar nem sempre implica mostrar caminhos; por vezes a melhor ajuda é simplesmente sairmos da frente, pararmos de atirar com as nossas arrogantes certezas, e deixarmos que o outro encontre o seu próprio trilho.
E aceitar que ele pode não escolher a direcção que se nós pudéssemos (ah, se pudéssemos!) escolheríamos para si.







Liberta-te, porra!



Não me apetece escrever sobre a inigualável revolução, os homens de Abril, ou a liberdade de um povo. Muito menos me apetece fazer o contraponto com a realidade portuguesa, 39 anos depois.
Tomo a liberdade de falar, sim, de Liberdade.

"Liberdade, liberdade - porque fugiste de mim?"

Não, não foi ela que te fugiu. Pára lá de culpar os outros... Foste tu que a enterraste, lembras-te?
És tu que a soterras em convenções e proibições. Os grilhões, esses que acusas o mundo de te colocar, és tu quem os forja, no fogo do medo.
Afrouxa a gravata que te sufoca. Atreve-te a inspirar profundamente. Respira. Respira-te.
Despe a saia travada que te impede de dar passada. Atreve-te a dar um passo maior, confiante. Confia. Confia em ti!

A liberdade do povo tem de começar na liberdade do indivíduo. Na minha, na tua. Esta é a revolução necessária e urgente. Premente. Patente. Ela está aí. Abraça-a.
Tu que defendes com veemência direitos alienáveis, entende que fundamental, mesmo, é libertares-te de ti mesmo.
Liberta-te, porra!




A uni(ci)dade da laranja


A história das duas metades da laranja é bonita, é poética, mas eu não a compro. Uma metade mais uma metade, serão sempre duas metades.

O busílis da questão está nas palavras “completar” versus "complementar". Não busques quem te complete, mas quem te complemente. Duas laranjas têm muito mais sumo do que duas metades. - Ou, na versão romanceada, duas laranjas têm muito mais sumo do que uma.
Todos precisamos de outras laranjas para encher o jarro. O que devemos entender, é que não dependemos em absoluto de uma. Há muitas laranjas na laranjeira onde estamos, e muitas mais no imenso pomar de que fazemos parte. Dependeres da que está ao teu lado, acreditares que só és feliz enquanto estiverem as duas no mesmo ramo, é limitares-te e fragilizares-te a ponto de cair ao chão se ela apodrecer.

Repara, se a tua felicidade depende de um amor, uma família, uma carreira, uma casa, ou seja lá o que for que achas que te completa e te faz feliz, se essa metade te falta, ficas sem chão. Voltas a ser metade, e uma metade não sobrevive. Precisas rapidamente de encontrar outra metade (ou vários gomos, rodelas, o que for) que a substituam, pra voltares a respirar. Se fores inteiro, a estrutura abana, claro, mas não cai por terra.
O problema é que é muito mais difícil encontrarmos a nossa outra metade em nós mesmos. É uma caminhada a um, e a maior parte de nós não sabe estar sozinho, e confunde o estar só com solidão. Porque, lá está, no inicio da jornada, até te encontrares, sentes-te metade. Mas vale a pena aprenderes a caminhar sozinho; vale mesmo a pena descobrires-te - descobrires, aceitares e acarinhares a laranja completa que tu és. Vale mesmo a pena aprenderes a amar-te e seres feliz a sós contigo.
Depois vem a segunda parte do desafio, a meu ver mais difícil ainda: Entregares-te a quem te complementa, sem medo de te voltares a perder. Esse equilíbrio é extremamente difícil, porque depois de te solidificares, tens receio de deitar tudo a perder - não queres voltar a sentir-te uma metade. E amares alguém sem te perderes, sem te entregares, não faz sentido!
Acima de tudo, o equilíbrio estará em não ter medo de nos desiquilibrarmos de vez em quando. Ninguém é totalmente equilibrado se não deixar entrar o desequilíbrio na sua vida.

Nas palavras do sábio Ketut, em Comer, Orar e Amar:  Sometimes, to loose balance for love, is part of living balance in life".  




No trilho da Aranha

A Teia da Aranha, por R.B. Morgan Photography 

"Se abrirmos os olhos e levantarmos a cabeça enquanto vagueamos pelas ruas perceberemos que não somos os únicos seres enclausurados nos nossos pensamentos. Perceberemos que o isolamento a que cada um de nós - peões perdidos na charada de algo muito mais vasto – se entregou, está muito próximo daquilo que sempre tememos. A solidão, o labirinto de medos e anseios que passamos os dias a tentar esconjurar, o inferno de uma cabeça repleta de coisas para fazer, de contas para pagar, de justificações a dar, de soluções a rapidamente encontrar. Corremos desvairados para os braços do destino de que fugimos a sete pés. Mas o diabo está lá, na cruz, à nossa espera. Como a teia a que a aranha inevitavelmente se entrega."

António Almeida, "Pobres aracnídeos", in Bolas e Letras


O destino como fatalidade, reporta-me à ideia de sermos insectos presos na teia, ao invés dos aracnídeos que a constroem.
E de facto, enquanto andamos demasiado afundados nos "labirintos de medos", incapazes até de levantar os olhos, não somos mais que pobres insectos enredados numa teia obscura, peganhenta e fatal. Enquanto permanecermos entregues a este estado vegetativo, caminhando absortos nos nossos medos, na nossa mente, no nosso mundinho, ser-nos-à impossível percepcionar sequer que somos "peões perdidos na charada de algo muito mais vasto". A grande maravilha, é que essa percepção pode chegar num segundo, "se abrirmos os olhos e levantarmos a cabeça". 

A partir do momento em que temos a coragem de descolar do estado de entorpecimento colectivo, entramos no mundo das opções conscientes. A observação dos outros e de mim mesma, e a contemplação da realidade a que ganhamos acesso ao levantar a cabeça, trazem consigo a questão: É esta a minha escolha?
Quando vislumbramos, por segundos que seja, que somos na realidade aracnídeos aprisionados na mentalidade de insectos, descobrimos a possibilidade de expandir as patas e caminhar com uma nova visão e amplitude. 
Passamos então a ter duas hipóteses: recear a descoberta, voltar a encolher as patas, resignarmo-nos a viver como insecto no meio de insectos, e prosseguir cabisbaixos e de olhos fechados, seguindo as passadas dos outros ou invejando a teia alheia, e atribuindo tudo o que somos ao fatal destino; ou não mais baixar a cabeça, não mais fechar os olhos, não mais caminhar rente ao chão, desvincularmo-nos da crença de Fatalidade, e aceitarmo-nos como aracnídeos, celebrá-lo, construindo a nossa teia, à nossa medida, e na direcção que entendermos.

A teia só assusta quem a receia, quem a vê como prisão. A teia assusta os que ainda não perceberam que são aracnídeos, e os que já tendo percebido, se agarram à roupagem de insecto, por medo da sensação de vertigem que o novo andar lhes provoca.
Aos olhos do seu criador, ela é uma obra de arte única, inigualável, delicada, e de uma beleza incomparável. 

Levanta a cabeça! À nossa espera, só estamos nós mesmos. Até quando vais ficar à tua espera, lindo insecto?...  

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Uma aranha feliz


Tu, que queres?



Eu quero deixar de fumar, mas apetece-me um cigarro.
Eu quero emagrecer, mas apetece-me feijoada.
Eu quero ter boas notas, mas apetece-me ir à praia.
Eu quero ser promovido, mas apetece-me ir mais cedo para casa.
Eu quero uma relação amorosa, mas apetece-me dar umas voltinhas.
Eu quero ter um corpo ginasticado, mas apetece-me sofá e tv.

O QUE EU QUERO -  O que me fará feliz.
O QUE ME APETECE - Compensação imediata por não ter ainda o que eu quero.

Alimentar o ego com o que lhe apetece, o que lhe traz satisfação instantânea, não é um pecado capital.
É, ou poderá ser, boicotar a tua felicidade, se os pequenos caprichos a que te entregas vão cabalmente contra aquilo que tu queres.
Julgamo-nos por vezes assustadoramente egoístas, quando na realidade nem estamos a jogar na nossa equipa; estamos sim, longe de servir o nosso bem.
Quando os prazeres a que cedes achando que são aquilo que tu queres, te oferecem uma satisfação momentânea, que se dissolve depressa demais, e depressa demais já precisas de outra coisa (ou outra dose do mesmo) que te faça sentir bem... Isso é uma compensação, e não a tua vontade. O que tu realmente queres, não é um bem estar passageiro. Nem tão pouco te enche de culpas, passado o instante de prazer. O que tu realmente queres preenche-te de vida.
Aprende a escutar-te. Descobre o que tu queres. Ama-te. Respeita-te. Deseja o teu bem. Quer mesmo o teu bem.
Domestica a impaciência, a ansiedade. Vive o hoje, e vive-o para ti. Ensina-te que terás tudo o que mereces, e que tudo chega a ti no momento exacto. Investe empenhadamente no que tu queres, e confia que o receberás, quando estiveres preparado para receber.
Porque quando tu queres, quando tu realmente queres, não há impossíveis. Não há inalcançáveis. Seja qual for o tamanho do desafio, nada nem ninguém trava a tua vontade. Nem tu mesmo.




O mundo no ventre


"Dois bebés ainda no ventre da mãe, a conversar:

- Tu acreditas na vida depois do parto?
- Claro que sim. Algo deve existir depois do parto. Talvez estejamos aqui porque precisamos de nos preparar para o que seremos mais tarde.
- Que disparate! Não há vida depois do parto. Como seria essa vida?!
- Não sei, mas com certeza... haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos pelos nossos pés e nos alimentemos pela boca.
- Isso é absurdo! Caminhar é impossível. E comer pela boca?! Isso é ridículo. É pelo cordão umbilical que nos alimentamos. E digo-te uma coisa: A vida depois do parto está excluída. O cordão umbilical é demasiado curto.
- Pois eu acredito que deve haver algo. E talvez seja só um pouco diferente do que estamos acostumados a ter aqui.
- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do parto. O parto é o final da vida. E no fim de contas, a vida não é mais que uma angustiante existência na obscuridade, que não leva a nada.
- Bem, eu não sei exactamente como será depois do parto, mas estou certo que encontraremos a Mamã e ela cuidará de nós.
- Mamã?? Tu acreditas na Mamã?? E onde é que tu achas que ela está??
- Onde? Em todo o nosso redor. É nela e através dela que vivemos. Sem ela, todo este mundo não existiria.
- Pois eu não acredito! Nunca vi a Mamã, por isso, pela lógica, ela não existe!
- Bem, mas às vezes, quando estamos em silêncio, conseguimos ouvi-la a cantar, ou sentir como acaricia o nosso mundo. Sabes, eu penso que há uma vida real que nos espera e que agora estamos apenas a preparar-nos para ela..." 


Autor desconhecido


Hoje apeteceu-me partilhar convosco este texto, que acho absolutamente delicioso.
Creio que dispensa grandes comentários. Trata brilhantemente as nossas questões existênciais. Quem somos, qual o propósito da vida, existirá algo além disto? Um Criador? Nunca vi. Não há provas cientificas que me façam crer na sua existência. É exactamente aquilo que nós vivemos até despertar a consciência para tudo o que somos - limitados ao que vemos, ao que conhecemos, ao que achamos que é a vida e o mundo. 
Eu sou um bébé crente de que há vida além da vida. E sim, acredito que para lá desta vida, a luz será mais forte e brilhante. Mas isso não faz desta uma fase meramente preparatória; ela faz parte do todo que sou eu. Deve ser exponencialmente vivida e celebrada. Sabendo que já viajo há mais do que a minha memória me permite alcançar, e que seguirei o caminho com a bagagem que arrecadar neste apeadeiro. 

Deixo uma questão para reflexão, além das já sugeridas pelo texto: 
Lembras-te da tua vida no ventre? Não, claro. Quer isso dizer que ela não existiu?... Quer isso dizer que não eras tu?... Então porquê tanta renitência em acreditar, não só no que há-de vir, como também no que já foi?... Porque te agarras à ideia que só existe aquilo de que tens memória, e que tu só existes neste mundo, neste tempo, com este corpo?...
Pensa nisso.