Seize the moment


Durante a certificação de Practitioner em PNL fui voluntária para a demonstração de um exercício que acabou por me "exigir" alguma exposição e vulnerabilização. No fim, alguns colegas procuraram-me para me parabenizar pela coragem, ou agradecer pela entrega. E eu agradeci-lhes de volta, por não se terem voluntariado...
Seria interessante que os meus colegas conseguissem entender que o meu acto não foi de coragem, mas de puro interesse. Em última análise, fui egoísta. E sou frequentemente uma tremenda egoísta, se assim entendermos que o é alguém que quer tirar o maior proveito possível de cada situação.

Era suposto ontem ter deixado uma mensagem inspiradora aos meus colegas, e seria esta a sugestão que lhes queria deixar, mas a emoção embargou-me a voz e tolheu-me as palavras... fica aqui a mensagem para eles, e para "quem mais a quiser apanhar".

Quando participo num curso, seminário, workshop, seja ele de formação profissional ou desenvolvimento pessoal (ou ambos!), vou com a atitude que quero implementar cada vez mais na minha vida: aproveitar ao máximo cada momento. Se tenho ali profissionais extraordinários com quem posso trabalhar e melhorar, seguramente vou "usá-los" tanto quanto puder, respeitando obviamente o espaço dos outros e não privando ninguém das suas oportunidades.
E é esta a sugestão que quero deixar aos meus colegas e a ti, que me estás a ler agora: aproveita cada momento! Seja um curso, uma reunião, um jantar em família ou um café com amigos. Os pequenos momentos: os beijos, os abraços e as gargalhadas. Os banhos dos filhos, os passeios dos cães, os telefonemas da mãe, os serões de enroscanço no sofá... Aproveita! Porque quando deres por ti, o momento já passou. Aquela oportunidade, única e irrepetível, já expirou.
Então é exactamente esta a minha sugestão: aproveita ao máximo a vida e tudo o que ela te oferece, da forma que fizer sentido para ti. Vigia-te, para que não te esqueças de o fazer. De vez em quando vai espreitando para trás, por cima do ombro, só o tempo suficiente para te responderes: "Aproveitei tudo o que queria?" Se sim, excelente! Se não, pergunta-te: "O que quero saborear melhor na próxima ocasião semelhante?"
Podes sempre sempre tirar o melhor partido de cada situação. Sim, mesmo em situações que nem sequer escolheste! Ficas preso no trânsito. Vais chegar tarde a um compromisso importante.
Ok, tens duas opções: ou vais o caminho inteiro a stressar e chegas ao teu destino num estado de elevada irritação, ou aproveitas a oportunidade para apreciar a paisagem.
Não há paisagem, estás no meio da cidade com carros por todos os lados. Ok, podes observar as pessoas à tua volta, podes ouvir o teu programa de rádio e cantar as tuas músicas preferidas.
Estás enfiado dentro de um túnel, até já desligaste o carro e nem consegues sintonizar o rádio. Ok, aproveita para meditar. Podes fazê-lo de olhos abertos... Aproveita para pensares nas coisas boas que tens na tua vida. Começa por te lembrar que tens vida. Que tens mobilidade e autonomia. Que sabes conduzir. Que tens carro e dinheiro para o combustível. Que tens compromissos onde a tua presença é importante, logo: tu és importante. Lembra-te de cada pessoa importante para ti. Cada familiar, cada amigo, cada colega, cada cliente... Vais perceber que é interminável a quantidade de coisas boas que tens na tua vida, e que poderias passar horas a pensar em todas elas. Verás que te esqueceste do trânsito, e que por momentos saíste do túnel e estás a conduzir um descapotável à beira mar, num dia de sol. E quando deres por ti, já saíste efectivamente do túnel, já chegaste ao destino, o mundo não acabou, sentes-te bem e disponível para te focares no compromisso, e chegaste exactamente à mesma hora que chegarias se tivesses passado todo esse tempo a stressar com o trânsito...
O que "te acontece", nem sempre é opcional. Mas a forma como aproveitas cada acontecimento é uma escolha tua.

Aproveita, o melhor que souberes, cada momento da tua vida. Atreve-te a dizer "Sou frequentemente egoísta." Desconfio que descobrirás que, curiosamente, quando te tornas sabiamente egoísta transformas-te numa pessoa muito melhor para todos os que te rodeiam.






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Este post foi escrito 2ª feira. Curiosamente, publiquei-o já depois da meia-noite, pelo que tem data de 3ª.
E digo curiosamente porque 3ª feira, justamente, recebi uma notícia daquelas que nos faz olhar de frente a nossa mortalidade. Releio o texto e penso três coisas:
- De facto, nada acontece por acaso.
- Isto faz cada vez mais sentido para mim.
- E fico feliz por perceber que já tinha esta consciência antes de ser confrontada com a minha própria mortalidade.
A vida é bestial!





Today, by MY book.



365 dias. Mais 365 dias.
Nesta altura, pelo menos estes 365 tomamos como garantidos. E não nos poupamos a clichés e metáforas:
Ano novo, vida nova! Novo capítulo. Um livro em branco, com 365 páginas por escrever.
E todos vamos mudar de vida! De esperanças renovadas e peito inflado de convicções e compromissos, todos vamos ser mais saudáveis, mais elegantes, mais amorosos, mais compreensivos, mais empenhados, mais audazes, mais felizes! Todos fazemos as nossas listas de resoluções que raramente chegam a soluções, ou como diz alguém que admiro, todos criamos listas de novos conflitos internos.
Um novo ano é sempre um novo início. A fresh start.

Esta passagem de ano perdi uma amiga.
Dos 365 dias que todos assumimos que teremos para criar uma vida nova, ela teve 2 horas.
Como acontece sempre que alguém que nos é querido vê a sua viagem interrompida demasiado cedo, a sua partida veio relembrar-me da importância de viver o Agora.
Que se forniquem as 365 páginas em branco, eu vou página a página! O Amanhã que espere por mim, porque eu vou viver o Hoje. E que se lixe o by the book, eu quero viver by my book.

Aqui me comprometo a viver, de ora em diante, e dia a dia, com esta consciência da arrogância que é tomarmos a vida como um direito adquirido.
Aqui me comprometo a agradecer todas as manhãs, ao abrir os olhos, o simples facto de os ter aberto, de estar cá, de me ser permitido continuar cá, e me ser dada a oportunidade de escrever mais uma página.
Farei por ser merecedora dessa benesse. Darei o meu melhor para que o meu livro seja uma fiel representação de quem sou. Quero orgulhar-me do livro que um dia vou deixar por cá. Quero que as pessoas que me são preciosas, ao folheá-lo depois da minha partida, encontrem as suas personagens em várias páginas, e sorriam com as nossas histórias.
Nem todos os capítulos serão inspiradores, poéticos, imaculados ou desenhados pela mais bela caligrafia. Haverá seguramente páginas rasuradas, mal escritas, com erros, amarrotadas, com a tinta borrada por água salgada. Haverá páginas mais preenchidas e outras mais vazias. Alguns parágrafos mais coloridos que outros. Umas quantas linhas menos felizes. Palavras feias aqui e ali. Que assim seja. Que no seu todo, eu esteja de facto impressa de forma incontornável, e que transpareça o que de melhor eu conseguir deixar e levar desta passagem, página a página.

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Obrigada, querida Susana, minha "filhadinha". Foi uma honra ser a tua "madinha".
De ti guardarei o riso rasgado. Os doces deliciosos. O ar de miúda traquina. As diabruras. A candura. Os beijos na boca às amigas. O pino e os saltos para as cavalitas dos amigos. Os miminhos que fazias e levavas para cada um, em cada encontro. Sempre. O dedo espetado nos bolos e nos pratos de comida de todos os que tiveram o privilégio de partilhar contigo aqueles jantares que tanto amavas. Se para muitos de nós eles eram apenas mais uns momentos animados, sei que para ti eles eram uma verdadeira bênção, uma fuga da dureza da vida, que bem te soube fustigar. E naquelas horas, que diabos, tu divertias-te à grande e armazenavas a risota que te dava forças para os próximos tempos!
O dedo espetado nos bolos. É assim que me vou lembrar de ti.